Baú

Andei arrumando as coisas de 2008, arquivando cada idéia inacabada e outras lembranças dolorosas. Reencontrei uns textos que não lembro de ter escrito, e que por acaso achei todos lindos, e umas fotos bem bizarras. Reli e-mails antigos e percebi que uma certa pequena criou bastante cabelo durante o ano. Vi o quanto eu era magro e o tanto de amigos que adquiri mês a mês. Andei arrumando as coisas de 2008 porque pretendo ter bastante espaço para as coisas de 2009, o ano começou gente.

Lateja

Eu quero poder te dizer o quanto é bom sentir isso que sinto o tempo todo, inclusive agora, enquanto meus dedos ávidos passeiam loucamente pelas teclas. Eu quero te dizer que é bom sentir essa coisa viva dentro de mim, e que eu me sinto muito feliz com isso, que é tão vivo quanto eu e quanto você. Quero te dizer que essa coisa que eu sinto viva dentro de mim agora está latejando, e eu juro que sinto um líquido escorrendo por dentro querendo sair e que mesmo sedento por uma saída, realiza uma dança sensual e lenta - parecida com um bolero. Quero te dizer que eu gosto do gosto dessa coisa viva e que agora sei onde posso encontrar esse sabor tão único. Quero te dizer que sentir essa coisa, que vive dentro de mim, é tão bonito que sinto vontade de cantar o tempo todo, feito uma vitrola com um único disco furado na canção que cantei pra ti.Eu quero te dizer que te quero bem, e quero que a partir de agora tu saibas, para que o mundo seja lindo, meu Dindi.

nó

E existem dois nós profundos dentro de mim, um na garganta - que sufoca o respirar, cansa qualquer pequeno movimento de inspira-expira - e um outro no peito. É esse no peito que não tenho forças para desatá-lo, pode ser consequência do nó da garganta que por não me deixar respirar, não me dá forças de investir mais uma vez em uma tentativa, talvez vã, de desatar o nó do peito. Ou talvez seja o meu orgulho em acenar para alguém me ajudar, ou eu não entendo mesmo de mim. Só sei que há dois nós dentro de mim, e eles estão me matando.

Acontece

Acontece que eu continuo vivendo, mesmo com tudo isso que acarreta no viver. Acontece que eu vou indo, me levando pra um lugar que não sei bem onde, e desconheço quem saiba.

for a long time

Um dia eu percebi que não poderia mais viver. E não foi uma descoberta repentina, quase um achado. Foi um aprendizado, árduo, longíquo e muito, muito doloroso. Sofri tanto quando vi a grande porcaria que era viver assim, daquele jeito ruim e cheguei a brilhante conclusão de que viver era só isso: um eterno mar duvidoso, muito turbulento e furioso, com muitas ondas avassaladoras e com a eterna impressão de que não era nada e que um dia nadaria, nadaria para morrer à beira da praia. Foram tempos dolorosos e viver se resumia em carregar uma cruz pesada demais, e por mais que um outro alguém te ajudasse de vez em quando, ora limpando o teu rosto ou dando alguns passos no teu lugar, sempre havia uma via-crucis a ser cumprida única e exclusivamente por mim. Mas hoje, eu sou grato a ti por ter me mostrado o lado ensolarado desse mundo redondo. Eu ia escrever mais, só que prefiro dizer pra ti - só pra ti.

Limite

Se um dia quiseres sumir,
que seja dentro de mim.

Se perca por dentro do que é teu.

E se quiseres ficar pequeno - bem pequeno
deite nos meu braços,
farei carinhos e se sentirás menino, de novo.

Só nunca queira morrer,
por mais forte que pareça ser.
Eu jamais suportaria.

Hoje

Hoje, pelo menos hoje, você é somente meu. E quando digo você, estou falando de tudo: tua rebeldia, confusão e vontade. Porque não estaria satisfeito em te ter pela metade, não hoje. Não me importa se amanhã você me diga que está mais confuso e que o hoje se tornou permanentemente ontem e nunca mais será possível ser um amanhã. Não me importa que você nunca tenha imaginado isso acontecendo.
Hoje, pelo menos hoje, vou tatuar em mim a tua presença, e amanhã e em todos os outros dias - onde certamente seguirei sem ti - vou aprender gradualmente a enxergar a tua presença na minha tatuagem, ou inventá-la. Mas não hoje, que ao invés de te ter só em pensamento, te tenho entre os meus braços, que te dou aos montes, que te dou para saciares essa tua vontade, que te dou para confortar a nossa solidão.

Talita

Talita vem do aramaico e significa 'menina, donzela', em alguns dicionários diz respeito a meninas fortes, mas sempre felizes. A Talita pra mim ultrapassa isso, ela é a minha própria felicidade depositada num pequeno frasco de gente, que foi careca, que foi gordinha, que tem duas enormes maçãs no rosto e duas luas negras no lugar dos olhos. Ela é a coisa que mais me faz bem e que de vez em quando me faz um mal danado - principalmente quando eu não desejo que ela sinta e passe pelo tanto de coisa que já senti e passei. E no próximo dia 29, a pequena fará 2 anos. Passou tudo tão rápido que mal acredito que tenha começado o ano passado careca e tenha terminado o ano com cabelo, fino, um tanto ondulado, porém escasso na parte da frente e que já esteja falando coisas. Está na fase do tudo repete, dia desses falou com uma naturalidade incrível: 'bora, bicho!' e depois emendou com um: 'ai, quero fazer totô'. A Talita é o meu sonho transformado, tem o rosto inteiro da mãe, porém tem o meu jeito - até quando consola a chorona da mãe dela, pedindo para parar de chorar;

Com o tempo, aprendi a ser o exemplo e se um dia, quando deixar de ser quem sou, quero ser conhecido como o pai da Talita. Assim sem nome.

Quero estar vivo quando ela resolver abrir suas asinhas e tentar alçar voo, espero que com algum insucesso, porque eu quero estar por perto para pegá-la no colo e tentar ensiná-la como fazer.

Maysa

Eu acredito que a primeira música que ouvi dela tenha sido, e é bem provável que seja tão verdade, Alguém me disse e já tem bastante tempo. Por muito tempo, continuei ouvindo, graças aos amigos do meu pai, e do mesmo, as várias outras músicas dessa fantástica cantora brasileira. E não consigo explicar o tanto que gosto profundamente de qualquer música que tenha saído da boca, já fechada, de Maysa Monjardim - mulher fantástica, densa, turva, linda. Mas, confesso que, pouco sabia da sua trajetória como pessoa, só o que ouvia meu pai contar quando perguntava quem tinha sido. Até que vi numa livraria a sua biografia e tratei de adquirir uma. Li e não acreditei no que vi, ela foi simplesmente extraordinária - pela sua vida kami-kase, pela fossa e principalmente pelos seus feitos. Gosto de cantores sinceros, que usam a sua arte para falar de coisas suas e gosto mais quando essas coisas deles são tão minhas quanto dos mesmos. Gosto de Maysa cantando Bloco da Solidão, adoro ouvir Por Causa de Você e me derreto inteiro ao lembrar de Dindi. O meu fascínio beirou a loucura quando procurei, em vão, algum mísero trecho onde ela cante Cartola - mas não consegui, e acredito ser loucura que tenha feito.
E sabe o que é mais maravilhoso? Fui um dos ganhadores de um quiz na internet sobre a vida dela. Confesso que fiquei muito surpreso e muito orgulhoso, mas poucas pessoas tem noção da capacidade dela, e de tantas outras brasileiras. Por azar, o brasileiro tem memória curta, principalmente para coisa boa. E por sorte, Maysa cantou Ne me quitte pas que já era incrível na voz da Edith Piaf, e ficou muito esplendoroso declamado e somado a angústia e solidão que foram a vida dessa que tituleia esse post.

Viva Maysa!

novo

Não gosto de estar nessa calmaria, não me conformo com águas tão limpas e serenas e transparentes. Eu desconfio muito disso tudo, parece que logo ali vem um mosquito depositar seus ovos e trazer o caos - que nem dengue. Algo de arrebatador tem de acontecer logo, sempre acontece! Acontece que antes disso, tudo era turbulento demais - dos acontecimentos aos sentimentos E estar agora, sentado, vendo tudo se encaminhar naturalmente bem não me é familiar. Quero mais emoções, mais bueiros, mais chuvas fortes, mais fumaças, mais medo, mais novo. Ou estou ficando com as coisas de pai, começando pela barriga, ou o ano realmente só começa após o carnaval.

Talitabeu

Faltam exatamente 16 dias para que a grande Talitinha ganhe mais uma primavera, e eu espero ter vida o suficiente para vê-la completando mais umas quinhentas primaveras, verões, outonos e invernos.

Drink and drunk

Eu tenho um problema, talvez sério, com bebidas. E vou escrever o que queria que muitos lessem e dessem ouvidos: Não bebam.

Sábado

Não lembro ao certo quando, mas acho que foi ontem, ou antes de ontem, isso não vai importar o que quero registrar.

Estava voltando para casa e passava exatamente em frente ao Detran, fato que não muda o que quero dizer, quando fui indagado se era feliz. Eu titubiei entre o sim e o não e isso não me foi proposital, é que de fato eu não sei se fou realmente feliz. Andei pensando depois disse e agora ouvindo Bob Dylan, o que não muda em nada o que vou dizer, acho que tenho uma resposta mais exata:

- Eu não sou todo feliz, e é bem simples isso: Eu as vezes estou feliz, as vezes estou preocupado, e as vezes estou com fome.

Sabe o status do MSN? Isso mesmo, eu acho que felicidade não é coisa de gente burra - como já disse a Maysa - e nem que alguem seja sempre feliz. Felicidade é estado de espírito. E eu sinceramente, trocaria todas as minhas felicidades para dá-las a uma pequena garotinha que daqui a dezenove dias fará dois anos. E só de pensar nela me vem uns pensamentos tão felizes que acho que agora estou feliz (grave o momento).

Mas se me pergunto, agora - em um novo instante - se estou feliz: eu digo que poderia estar mais feliz, afinal, acabou o assunto, o cigarro, a música e a vontade de escrever.

Just Dance

Vou confessar aqui, já que não mostrei pra muitas pessoas (acho que só o atual gato quem sabe) o que faço por essas bandas, o meu grande pecado musical: Pop-pop-dance-dance. Talvez até nem seja tão escondido assim porque quem vê o meu lastfm já deve ter percebido os artitas mais tocados, e deles destaco: Janet Jackson, Michael Jackson, Britney Spears, Donna Summer, Madonna, etc. E eu não sou dos que curte as novas hypes e sou um tanto tradicionalista quando o assunto é música, mas alguém consegue ser indiferente ao som de Wanna be Startin' Somethin', Rock With U, Feedback, Piece of Me, Sorry, Love to Love You Baby... Eu gosto de ouvir, pronto, confessei. Apesar de ter entre os meus preferidos, monstros da música que em nada se parecem com os pops, Amy, Elis, MR, Maysa, Cartola, Bob Dylan, Raul, etc....
E o motivo dessa confissão ainda nem foi citado realmente, eu sempre amei David Bowie e a era 80 de NY, e eis que surge no meio do monótono mundo Pop ELA: Lady Gaga, pelamor! Arrisco dizer que, assim como Amy é diva no segmento mais 'sério' da música, a GaGa é tudo no dance floor. Odeio boites e noites dançantes nojentas com pencas de cecília e boy sarado suado, mas se tocar Lady Gaga, eu juro que fico mais tolerante. Vou pro inferno?

Coisa de fim de tarde

Ele era só uma criança que queria frequentar aquele mesmo lugar que as irmãs já frequentavam, ver e aprender coisas novas e conhecer gente, afinal ficar alienado à sua família - numa espécie de jaula permitida - não era nada confortável. Ele não se contentava em passar as tardes sozinho com sua avó ou com sua babá, apesar de achar muito bacana dormir sempre depois do almoço e ter a tarde livre para explorar o mundo cercado pelos limites de sua própria casa. Só que ninguém o aceitava do jeito que era, e ele não entendia porquê, só se sentia sozinho e queria ver o mundo fora daquele muro alto. Pediu, então, em suas preces para que alguma dinvidade - no caso Deus mesmo, caso não fosse incomodo - que lhe ajudasse no processo de aceitação e foi por muita insistência do pai, um jeitinho da mãe e um tanto mais de oração sua que conseguiu sair dali, conhecer o mundo, aprender sobre liberdade, escolhas e abc. Desde então, Ele deixou de ser uma criança curiosa e passou a ser gente. Hoje, Ele não tem mais tanta fé naquelas divindades que tanto pediu, não tem mais o muro alto que lhe proteja, e continua não frequentando os lugares que as suas irmãs frequentam, porém, o que ele sente mais falta, sem dúvida é de não poder dormir depois do almoço.

Quinta

Hoje, acordei bem. Acordei com o sentimento de que farei a diferença no mundo - eu tenho muito medo de ser somente mais um na multidão. Quero mudar a vida de alguém, de vários alguém,do mundo. Um dia, espero que bem antes de morrer, quero poder voltar aqui onde escrevi isso e ver que isso é um marco de profecia. Digo essa boa nova para você, que desconheço, porque um dia haverá um letreiro luminoso com o meu nome incluído nele!

Amy Winehouse

Não sei o que acontece, mas ainda acontece, ao ouvir Amy Winehouse - é como se por musicose eu sentisse as dores que ela sente, cantando e compondo cada verso de cada música dela. Sinto uma vontade enorme de ajudá-la, de abraçá-la e dizer que tudo vai ficar bem, ou de ser o Mr. Jones dela e fazer da sua Some Unholy War algo Stronger than her. Ela me passa uma sinceridade que é raro ver hoje em dia, em que ser blasé e não amar ninguém é tão comum, ela, pelo contrário, ama com toda a intensidade que só o amor merece. Eu sempre fiz isso, de amar inteiro, completo, pleno, e ir fundo mesmo, mesmo que a volta à realidade seja mais dolorosa ou outra coisa. E quando termino de ouví-la, a impressão que tenho é de que eu Woke Up Alone.
Ps: Quero morar no ninho do cabelo dela, já sonhei com isso. rs

Quarta

Atualmente - sei o quão cafona é começar coisas com atualmente, mas perdão, ando cafona demais esses tempos - não sei muito das coisas que faço, estou entrando na contra-mão dos meus próprios pensamento, é como se fosse antagonista de mim, e protagonista de uma confusão maluca dessa coisa de querer ser eu, mesmo desconhecendo como seria ser eu. É bem isso: ando fazendo coisas que não quero que ninguém faça, e até, apedrejaria quem as ousariam fazer. Sabe, é muito difícil se manter firme numa terra onde firmeza é coisa de gente grossa, e caratér é utopia.

Vou começar

Bom, isso não mais uma tentativa de ter um blog.
Sim, eu ando pensando demais nas coisas.