segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pedro Lucas

E vivia ali no fim do mundo, um pouco depois do vento fazer a curva e pra lá de Bagdá. Nasceu em uma família bem comum, um pai que passa o dia trabalhando em seu escritório, uma mãe que cuida o dia inteiro da casa, dos filhos, e da própria vida - muitas vezes até da vida dos outros, e uma irmã mais velha com um cabelo armado, um par de óculos e dois olhos castanhos.
Queria poder ter tido a chance de escolher o próprio nome, mas não pode, e teve a sorte de possuir dois. Era o Pedro, Pedrinho ou Pedroca perto dos parentes, e na rua entre os amigos era o Lucas, e Luquinha para as mocinhas. Não achava de um todo ruim não poder ter escolhido o seu nome, assim como não se importava em compartilhar o nome do seu avô: Pedro. Embora preferisse claramente o Lucas, escolhido efusivamente pela mãe assim que soube que o bebê que esperava era um macho. Tinha a impressão de que todo Lucas era esperto, moço, forte e muito inteligente.
Havia sido uma criança dessas bem peraltas: soltava pipa nas tardes calorentas de sábado, tomava banho de mangueira nas manhãs de domingo, matutava a cabeça nos origamis que tentava reproduzir de um livro, brincava de peteca, bola de gude, bolha de sabão de cima de um monte de pedras que tinha no quintal da sua casa, colecionava figuras de álbuns – que nunca conseguia ganhar prêmio algum, jogava vídeo-game e se divertia a beça lendo as novas aventuras em quadrinhos do Pato Donald.
Não entendia muito bem essa coisa de estar vivo, de ser humano e de ter que alimentar um mundo faminto de tudo...[to be continued]

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