segunda-feira, 20 de julho de 2009

Confesso que pensei em ser cafona e colar o texto incrível que o Vinícius/Tom (pra mim eles são Batman e Robin e nunca funcionam separados) fez/fizeram sobre amizade. E completaria com um 'para todos os meus amigos queridos'. Por sorte, o cafona não me atinge na literatura. E vou escrever coisas minhas porque eu não sou a Bossa Nova, mas leiam/sintam/ouçam. Fiquem a vontade pra ouvir um David Bowie - como eu faço agora - ou o Miltinho na Canção da América - eu disse que a cafonisse não me atingira na literatura, já na música....

Não tenho uma porção de amigos por motivos óbvios: a vontade de desbanalizar o contato humano e a minha fobia a gente no geral. Mas eu sempre me impressiono com a capacidade que tenho em encontrar pelo menos um por dia, e o tanto que valorizo esse contato. A vida de qualquer um não é fácil, e seria extremamente pior se não houvesse uma pele te tocando sem intenções sexuais.

Não digo que desabaria se não tivesse amigos, mas que beberia demais e me jogaria na lama sempre que tivesse vontade, isso sim rolaria. E ir ao bueiro sozinho, não tem graça nenhuma. Quem vai tirar aquela foto maravilha de você jogado e rindo que nem um louco? Ou quem vai azarar as gatinhas/ gatinhos contigo na delícia das madrugadas?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Coisa dentro de mim

Ouçam, Down on me, ou Down em Mim.

Eu acredito que em mim mora uma coisa viva que merece ser mais do que eu mesmo. Uma coisa viva deve me habitar para que permaneça nessa coisas de viver. Nem dentro de mim eu gosto de me imaginar sozinho e quando sei que não dá, invento. Vejo essa coisa viva feito um coração batendo ou um estômago roncando. Leio histórias bonitas para inteligentiá-la e como coisas saudáveis para mantê-la sadia. Vez ou outra acendo uma vela pra iluminar o que eu e ela não podemos ver, mas a mantenho presa porque se a liberto, ela me engole. E não quero ser uma coisa pseudo-viva dentro de outra vivíssima. Não acho justo. Ela vive dentro de mim, porque do contrário, seria um câncer. E não quero fazer mal a ninguém, mesmo sempre fazendo.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pedro Lucas

E vivia ali no fim do mundo, um pouco depois do vento fazer a curva e pra lá de Bagdá. Nasceu em uma família bem comum, um pai que passa o dia trabalhando em seu escritório, uma mãe que cuida o dia inteiro da casa, dos filhos, e da própria vida - muitas vezes até da vida dos outros, e uma irmã mais velha com um cabelo armado, um par de óculos e dois olhos castanhos.
Queria poder ter tido a chance de escolher o próprio nome, mas não pode, e teve a sorte de possuir dois. Era o Pedro, Pedrinho ou Pedroca perto dos parentes, e na rua entre os amigos era o Lucas, e Luquinha para as mocinhas. Não achava de um todo ruim não poder ter escolhido o seu nome, assim como não se importava em compartilhar o nome do seu avô: Pedro. Embora preferisse claramente o Lucas, escolhido efusivamente pela mãe assim que soube que o bebê que esperava era um macho. Tinha a impressão de que todo Lucas era esperto, moço, forte e muito inteligente.
Havia sido uma criança dessas bem peraltas: soltava pipa nas tardes calorentas de sábado, tomava banho de mangueira nas manhãs de domingo, matutava a cabeça nos origamis que tentava reproduzir de um livro, brincava de peteca, bola de gude, bolha de sabão de cima de um monte de pedras que tinha no quintal da sua casa, colecionava figuras de álbuns – que nunca conseguia ganhar prêmio algum, jogava vídeo-game e se divertia a beça lendo as novas aventuras em quadrinhos do Pato Donald.
Não entendia muito bem essa coisa de estar vivo, de ser humano e de ter que alimentar um mundo faminto de tudo...[to be continued]