sábado, 28 de março de 2009

Gatinha,

Carta aberta à Talita Abreu
Não sei como está o futuro, e receio que sequer saberei. Será que é cafona, out, chamar quem se gosta de gatinha/gatinho? Se for, perdão. Os mais velhos sempre são cafonas, é inevitável. Um dia somos jovens, e no outro não temos mais o pique de correr atrás da vida e enquanto dá somos forçados a continuar desviando da morte, e por acaso, continuamos vivendo.
Você brincou de pique pega enquanto criança? Deveria ter feito, é bem legal. Se não, me chame – caso esteja por perto, porque essa vida e morte me confundem tanto que as vezes acho que morri, que vivi, que morri de novo, e nunca sei ao certo o meu status do momento – me chame que eu terei enorme prazer em brincar contigo e te pegar no colo e te contar bem no teu ouvidinho, mesmo que tu não entendas, que eu te amo e que tu nem saiba direito o que é o amor e que o teu cabelo ainda esteja ralo e a tua barriga grande, feito barriga de criança que é feliz comendo.
Mesmo que brincar de pega seja cafona, out, over – ou outra língua mais comum, que no meu tempo é o inglês. Porque eu gosto quando tu, agora pequena, olha pra mim e diz toda feliz: ‘vô ti pegá’ e vem correndo em cima de mim e sorrindo e rápida e tão bela e de repente me morde, depois me abraça e dá um beijo bem em cima de onde mordeu e me dá um selinho e me abraça de novo e ri da minha careta.
Eu te amo, e isso, não é preciso ser velho ou antenado para saber que nunca será cafona. E se for, que se dane, eu te amo: bem cafona, over, porém clássico.
d.

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